Sexta-feira, 17 de Junho de 2016

O meu artigo no Praça Alta de Junho

Tempos de entropia

 

No mês em começa o Verão, outrora um deserto de notícias em que os meios de comunicação social tinham que inventar escândalos e rebuscar acontecimentos que pudessem manter acesa a atenção mediática, os motivos de preocupação adensam-se e são mais que muitos.

O que se vive na Europa não pode deixar ninguém indiferente ou descansado. Na Áustria um partido de extrema direita, neonazi e xenófobo, perdeu as eleições presidenciais por uma unha negra, motivo de satisfação moderado já que impugnou as eleições por suspeitas de irregularidades o que mantém em suspenso todos aqueles que veem com preocupação o alastrar da ideologia que contribuiu para uma das maiores catástrofes do século XX e da história da Humanidade. Infelizmente, os eleitores, mais sensíveis ao imediato do que aos movimentos históricos, dão cada vez mais poder ao ódio e à intolerância.

Na Turquia, parceiro da Europa, membro da Nato e sempiterno candidato à entrada na União Europeia, sucedem-se os atentados à mesma velocidade com que se dá a deriva radical do presidente Erdogan, que vem assumindo posições de um fundamentalismo islâmico cada vez mais longe da moderação que a situação internacional exigiria.

Os refugiados continuam a afogar-se no Mediterrâneo numa rotina tantas vezes vista que quase já não causa comoção numa opinião pública cada vez mais insensível à hecatombe que acontece perante os seus olhos, já não incrédulos mas cansados. Os atentados do Exército Islâmico são a espada de Dâmocles que pesa sobre as nossas assustadas cabeças, ainda por cima à beira de um acontecimento desportivo que vai juntar multidões, como é o campeonato da Europa de futebol. A visibilidade do evento, transmitido para todo o Mundo, transforma-o numa apetecível oportunidade para quem faz do terror cego o seu modus operandi.

O Reino Unido, numa iniciativa inédita nos países que compõem a União Europeia, resolveu consultar os seus cidadãos sobre a permanência ou não naquele clube que parece ter mais atractivos para os de fora do que para os que estão dentro. Sempre gostaria de ver os resultados de um referendo feito em todos os países membros que questionasse os cidadãos sobre a permanência o não na UE. Esse é o pior pesadelo da elite eurocrata que impera em Bruxelas e Berlim.

Se os britânicos votarem pelo Brexit, ou seja saída da UE, muita confusão isso vai gerar no burocrático aparelho duma organização que já foi sonho para alguns idealistas mas agora não é mais do que um pesadelo para países e governos que perderam autonomia e se encontram pressionados e constrangidos por legislação muitas vezes absurda e incompreensível, sendo simultaneamente facilitadora dos grandes negócios e penalizadora dos trabalhadores.

Nos EUA vivem-se tempos perigosos e decisivos tanto para o seu próprio futuro como para o do resto do Mundo. Pela primeira vez pode o presidente dessa superpotência imperial ser uma mulher, o que constituirá um facto histórico mas não é nem poderia ser nenhuma ruptura com as políticas dos antecessores, salvo alguma questão de estilo. Em contrapartida pode ser eleito um candidato verdadeiramente perigoso pelas ideias retrógradas que bolça e de que se ufana e pela responsabilidade de que poderá ser investido como presidente dos EUA. A perspectiva de ser eleito é, na verdade, assustadora para um mundo que não precisava nem de mais incendiários nem que alguém deitasse mais gasolina numa fogueira sem fim à vista.

No Brasil a confusão generaliza-se com cada vez mais casos de corrupção envolvendo altas figuras do Estado a virem a público. Depois da suja campanha contra Dilma em que os seus opositores garantiram ao mundo que bastava a sua destituição para que o Brasil voltasse a ser um país sem problemas e abençoado por Deus, as coisas só pioram. Afinal, os que a traíram e os seus adversários têm a folha criminal bem mais suja do que a antiga presidente.

O panorama, pelo que observamos todos os dias não é famoso, correndo-se até o risco, bem palpável, de piorar.

No meio disto tudo os senhores de Bruxelas andam entretidos com uma coisa realmente importante: devem ou não castigar Portugal por um desvio de duas décimas do défice orçamental de 2015?

Como é bom pertencer a este paraíso que é a União Europeia!

 

 

publicado por Aristides às 16:09
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